Friday, February 12, 2010

Por um segundo.

Ontem eu cai na neve.
Apos falar com a minha mae sobre a minha preocupacao com o meu edema na espinha,sai do escritorio em direcao a estacao de trem e BUM!
Deslizei no gelo e cai na esquina da Broadway com a rua 31.
No tempo em que fui jogado contra a minha vontade para o alto, e devido ao forte impulso da bota de neve que usava, levitei livremente e pensativo antes da queda.
Por um segundo.
Nao tive controle do movimento do meu corpo.
O chao seria o meu destino mais proximo e por mais doloroso que fosse,havia de deixar-me cair apos repentina suspencao.
Nao tinha outra opcao!
Creio que a morte seja assim: Um deslize incontrolavel e sem para-quedas, que se completa num tombo desajeitado no chao.
Neste breve voo entre o ceu e a terra, refleti sobre o que viria em seguida: Um machucado?Uma dor?Um braco quebrado?
Tudo em menos de um segundo.
Quando aterrissei na neve, a queda foi amortecida pelo meu braco e pelo casaco grosso no encontro com a superficie molhada.
Parecia um ceu de gelo e neve que me paralizou.
De repente uma voz doce de um rosto que nem vi,me perguntou se eu estava bem e me deu o celular que havia caido no chao.
Imaginei que fosse a voz de um anjo urbano.
Lindo e prestativo.
Apesar de preocupado continuei andando pela rua 31, desviando de outros gelos e neves como que obstaculos postos a minha frente para confundir o meu caminho;segui com a cara dura de apreensao de uma crianca abandonada pelos seus pais.O que viria apos a queda?
A dor do tombo brusco pesava no meu braco que suportou todo o meu corpo.Parecia que a minha asa havia sido quebrada no primeiro contato com a neve fria mas o susto, ao levantar-me, havia paralizado qualquer verdadeiro impedimento fisico.
Suspirei aliviado ao chegar em casa ainda ileso e vivo.
Talvez a morte seja assim: um leve suspiro de brisa que nos transporta flutuando para uma realidade de neve molhada e escorregadia ou para terras secas imaginarias onde anjos de vozes doceis nos recebem com muito carinho...
Por um segundo.

Monday, February 1, 2010

O mar de pessoas

Um ar de pessoas, comum mar
Mar comum,
Que venta tempos,
Que acumula.

Um ar de pessoas ,comum pesadelo
Que caga espinhos,
Que inventa estorias,
Mais de pessoas.

Um ar de mar, comum pensamento
Que vem,
Aqui,
Que vai embora.

Um oceano de pessoas, comum a tempestade
Que molha,afunda,sufoca,maltrata,
Moroso mar,
Se acaba numa vala.