Monday, October 6, 2008

Para o Gus


A Aparência e o Caráter

"Preocupe-se mais com o seu caráter do que com sua reputação, porque o caráter é o que você é, e a reputação é o que os outros pensam de você."John Wooden


As aparências enganam. Este ditado popular é mais profundo do que se imagina, principalmente na nossa sociedade de consumo, de massa, onde os valores morais, os princípios éticos cedem lugar a um pragmatismo desumano e cruel.Não que a aparência não seja importante. Penso que, na declaração dos direitos humanos, deveria ser incluído o sagrado direito à beleza com todas as implicações necessárias. O acesso a cirurgias plásticas, por exemplo, deveria ser popularizado, ao invés de ficar restrito à elite e ser visto como algo fútil. O direito a uma cidade bonita, a espaços urbanos bem cuidados, a uma arquitetura digna deste nome, a programas televisivos tão elegantes quanto éticos, enfim, o direito ao belo e, quem sabe, como diria Kant, ao sublime.Afinal, mesmo que a matéria seja sempre a mesma, imutável talvez em sua estrutura, a forma varia ao infinito, o formato evolui conjuntamente com a inteligência. Forma e estrutura, inteligência e matéria, evoluem, infinitamente, segundo a filosofia espírita. Espíritos mais elevados são bonitos, no formato e na estrutura, no conteúdo. Não é à-toa que no imaginário popular arcanjos e serafins sejam brancos, loiros, de olhos azuis e com asas esplendorosas. Todavia, nunca vi um anjo com cara de índio, negro ou mestiço. O nosso ideal de beleza ainda é o helênico, meio ariano, estereotipado pelos padrões fashion, oriundos do Primeiro Mundo.Sempre achei o ideal de raça pura uma idiotice. Os mestiços são sempre mais bonitos. A miscigenação será sempre desejável em uma sociedade livre, aberta e democrática, conceito que não se aplica a muitos países desenvolvidos onde os segmentos sociais, étnicos, são estanques.Os romanos, já em seu tempo, sabiam muito bem a importância da aparência. Um provérbio popular da época explicita bem isto: "A mulher de César, não basta somente ser honesta, tem que parecer honesta". Os romanos valorizavam muito a forma, mas esqueceram do conteúdo, do caráter.Como diz o nosso amigo da epígrafe, nossa preocupação maior deveria ser com a modelagem do caráter. Não há estrutura que se sustente, por mais perfeita que seja, se nela estão pessoas sem caráter, sem preceitos morais, sem uma ética de princípios. A mudança do meio e do ser humano tem que ser concomitante. Querer apenas mudar o indivíduo, esperando que as estruturas assim se transformem é ingenuidade.
E querer apenas mudar a estrutura sem mudar as pessoas é uma fantasia.

3 comments:

Manoela Abreu said...

Excelente exposição, Walter. Em tempos de pós-modernidade, vemos a sociedade cada vez mais voltada a um consumismo desenfreado, preocupada o tempo todo com a imagem. O valor do 'ter' torna-se muito mais importante do que o 'ser'. É dura tal constatação. Sigamos em frente, lutando contra isso.

luiscapucho said...

O Gus é o cara que se preocupa com o corpo, Walter?
Eu tou chegando da academia agora. Eu fico me olhando no espelho e fico olhando os outros caras que malham na academia e nunca acho que estou bem. Mas pior se eu não tentasse, eu acho...rs.
um beijo,
luís.

GB-NYC said...

Diferentemente de Manoela (primeiro comentario), vejo que o texto mais abrange do que exclui. O texto defende o direito a beleza e somente critica o unilateralismo. Querendo ou nao, a beleza eh uma forma de expressao. E esta expressao so tera forma se algo sair de dentro do que eh belo.
Pois eh, Walter, eu sou o cara que se preocupa com o corpo? Hehehe (pergunta do Luis Capucho).
Alias, mais uma vez, obrigado pelo livro, querido. Ate breve.